domingo, 7 de junho de 2009

A CIDADE QUE ME ABRAÇA


O vento forte e a sensação de onipotência foi o que mais marcou minha visita ao topo do edifício Altino Arantes, antigo Banespa, hoje propriedade do banco Santander. Sempre quis conhecer um dos prédios mais altos de São Paulo, o nosso Empire State Building, mas a falta de tempo e de oportunidade sempre me impediram, já que só é possível visitá-lo em horário comercial.

Apesar de ansiosa para subir, tive que aguardar a descida de outro grupo para então seguir com algumas pessoas que também esperavam. Aguardamos na entrada, em um amplo e imponente saguão, que exibia um gigantesco lustre de cristal se debruçando sobre um jogo de bancos, cadeiras e mesa no centro, talhados em madeira escura e muito antiga. Surpresos com o excesso de burocracia, sempre guiados por seguranças, fomos chamados para entrar em um elevador, depois trocamos por outro, e subimos o restante pelas escadas, até a torre. No fim das contas, esse sistema todo acabou criando mais expectativa em ver minha cidade lá do alto, mesmo sabendo que poderia permanecer apenas por cinco minutos.

À medida que subo os degraus, já sinto o vento forte, que chega primeiro. A cidade anuncia o seu poder, e, sob meus pés, reafirma sua grandeza. Sinto emoção ao ouvir o zunido do vento, que levanta meus cabelos com força. Estou no topo de uma montanha, mas à minha volta, nem sinal de natureza, só concreto.

O contorno dos prédios se mistura às ruas, que parecem rios com os carros em movimento, e tudo se intercala formando uma massa bege e azul. Como é linda essa cidade vista por inteiro. Começo a girar e ela me abraça por todos os lados. Olho cada pontinho nos edifícios, formado pelas janelas, imagino quantas histórias guarda cada um deles ou cada carro que se move como formiga. Percebo o real sentido de “estamos todos no mesmo barco”.

De repente, ouço um sino, trilha sonora para esse sonho de ver São Paulo inteira. É o mosteiro de São Bento, sob meus pés. Do outro lado, o azul da torre da Catedral da Sé se destaca na paisagem homogênea formada pelos prédios. Aos poucos identifico outros lugares, a sombra do pico do Jaraguá muito distante, as janelas coloridas do shopping Light, a praça Ramos... lugares por onde passo, pedaços do meu cotidiano transformados em partes de algo maior, na força de uma cidade que pulsa intensamente.

Texto/fotos: Luciene Cimatti

Um comentário:

Anônimo disse...

AH LU... Q LEGAL ESSE BLOG, NÃO SABIA Q VC TINHA.

DEPOIS VOU LER TODOS OS TEXTOS...

ESSE FICOU MUITO LEGAL.
PARABÉNS

BJÃO

CARLOS