sexta-feira, 21 de agosto de 2009

VIVA A LIBERDADE

Sábado de sol. Convite para passear ao ar livre, descobrir novos lugares ou revisitar aqueles favoritos. Câmera na bolsa, óculos escuros, mp3, rumo à liberdade.

O bairro da Liberdade, um dos meus passeios preferidos em São Paulo, tem se transformado cada vez mais em um caldeirão oriental. Se antes era reduto de imigrantes japoneses, que chegaram ao local por volta dos anos 1910, hoje ali convivem também chineses e coreanos.

Quem não passa há algum tempo pela região notará que o bairro está diferente. Os letreiros luminosos orientais, que caracterizavam o local, sumiram para cumprir a Lei Cidade Limpa, que proíbe placas externas, dando lugar a fachadas discretas e quase inexpressivas, se comparadas ao estilo tradicional.

As mudanças ficaram mais evidentes depois de um projeto de revitalização, iniciado há cerca de dois anos, por iniciativa de comerciantes da região, que prevê alterações mais radicais no futuro. As tradicionais luminárias da Rua Galvão Bueno e adjacentes foram substituídas por similares modernas. Fachadas de prédios e calçadas nas imediações da Praça da Liberdade foram reformadas. Até uma loja do Mac Donald´s e uma agência do Bradesco ganharam fachada oriental. No entanto, o jardim japonês, na Galvão Bueno, que ainda atrai a atenção com seu lago, flores e plantas harmoniosas, exibe sujeira e degradação, além de estar sempre fechado.

Meus lugares favoritos ainda estão por lá. A feirinha da praça, com suas barracas vermelhas, que vendem artesanato, comida chinesa e japonesa, entre outros. As lojas que ficam em torno dela vendem todo tipo de produtos, como quimonos, utensílios domésticos, comidas e doces. Aproveito para saborear um moti, espécie de bolinho doce feito de arroz. A parte mais divertida é andar pela infinidade de galerias, que surgem em todos os cantos da Rua Galvão Bueno, e se deliciar com a diversidade de produtos, a maioria importados.

Entre os cantinhos que sempre visito está a descontraída livraria e café Sol, na esquina em frente à praça. Tem também a padaria Itiriki, que significa “força total”, em japonês, localizada na Rua dos Estudantes, que é a meca dos bolos e doces. Logo em frente, outra loja imperdível, que vende produtos japoneses para casa, desde utensílios para cozinha, até requintados objetos de decoração. Falta visitar os templos budistas, o museu da imigração japonesa e tantas outras atrações, mas é claro que prometo voltar.

Quanto à revitalização do local, é sempre delicado cruzar a fronteira entre passado e presente. Reciclar é preciso, a renovação é sempre bem-vinda. Porém, requer a maestria de mesclar elementos modernos, sem deixar de preservar ícones como monumentos e símbolos arquitetônicos, que denotam a passagem do tempo e carregam a história da região, o que confere autenticidade a um bairro. Em minha opinião, é preciso dosar as alterações, para evitar que se transforme em local temático, criado apenas para atrair turistas.

Texto/foto: Luciene Cimatti