sexta-feira, 6 de abril de 2012

A PAZ DE DENTRO PARA FORA

Fui visitar os painéis Guerra e Paz, de Cândido Portinari, em exposição no Memorial da América Latina até o dia 21 de abril de 2012. Oportunidade inédita de ver a obra doada à ONU (Organização das Nações Unidas), no final dos anos 1950, que, por conta da reforma no prédio da Organização, ficará no Brasil até 2013. É interessante visitar primeiro a galeria em que são exibidos cerca de 100 estudos preparatórios para os grandes murais, o que aumenta ainda mais a expectativa de ver a obra final. 



Chegando ao Salão de Atos Tiradentes, o contraste da vida, que invade os imensos murais, é de tirar o fôlego. Com suas cores fortes, escuras, a dor da violência é pintada no painel Guerra. A alegria da infância, a inocência, a pureza, são reproduzidas nas cores claras do painel Paz. Tocada com o que a obra representa, não deixo de pensar na guerra particular que cada ser humano vive no planeta, na cidade, dentro de si mesmo.



Penso nos pequenos gestos e escolhas que disseminam a paz, como um sorriso, uma gentileza, um carinho pelo próximo. Não me escapam também exemplos de violência gratuita que se vive todo dia no trânsito, nas esquinas, no elevador. Não apenas a bomba que atinge o inimigo, mas a fome, a impaciência, a falsidade, o egoísmo, demonstram que não adianta buscar a paz lá fora; é preciso criá-la primeiro em si mesmo.

 



Texto/fotos: Luciene Cimatti