domingo, 6 de setembro de 2009

O PINTOR DA LUZ


É dessa forma que a Irmã Jacques-Marie, ex-assistente/modelo do pintor francês Henri Matisse (1869-1954) se refere ao artista, como o “pintor da luz”, durante um vídeo imperdível apresentado na exposição Matisse Hoje, na Pinacoteca do Estado. Emocionada, ela conta sobre sua parceria com o pintor na construção da Capela do Rosário, em Vence, na França. Inaugurada no início dos anos 1950, sua criação foi cercada de polêmica pelo projeto ousado, que exibe a marca de Matisse no traço moderno e vitrais de azul e amarelo intensos, e pela relação de amizade entre o artista e a freira dominicana.

Assistir ao filme é importante para entender a personalidade obstinada do pintor, que refazia suas obras inúmeras vezes e deixava as marcas desse processo na tela final.
A exposição apresenta os trabalhos em salas que compõem cada fase do artista, com desenhos, gravuras, pinturas e esculturas, desde o período tradicional, até a explosão de cores fortes e constrastantes. A cor é tão importante em seu trabalho, que o artista a recorta para colar nas telas e compor a obra.

Considerado artista decorativo, Matisse é um dos mais influentes do século 20. Comparado a Picasso e Cézanne, utiliza o espaço como elemento presente na pintura, além de abordar a perspectiva de forma inovadora. Vemos os espaços se destacarem no conjunto, como se fossem recortados e expostos, e os elementos muitas vezes parecem suspensos no ar. Seus quadros de natureza-morta e motivos de tapeçaria são um banquete para os olhos.
Além de ver a exposição, visitar a Pinacoteca, um dos prédios mais bonitos de São Paulo, é uma atração à parte. Vale a pena aproveitar o passeio para tomar um café no espaço que fica ao ar livre e conhecer o Jardim da Luz, que faz parte do Museu.


Texto/foto: Luciene Cimatti